Pateo do Collegio, o local onde nasceu São Paulo

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Pateo do Collegio São Paulo

Hoje vou falar de mais um ponto turístico do Centro de São Paulo. Mais precisamente onde a cidade foi criada, onde ela nasceu: o Pateo do Collegio.

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O céu estava cinza e a feirinha da praça estava sendo montada, mas nada disso tirou o brilho do lugar na hora da foto! 🙂

Do hotel onde eu estava, fui andando, seguindo pelo Viaduto de Santa Ifigênia, sempre em frente. Como já comentei em outros posts, para conhecer o Centro Histórico da cidade de São Paulo o negócio é andar, bater perna! Pois tudo está próximo. O “triângulo histórico”, formado pelo Pateo do Collegio, Mosteiro de São Bento e Catedral da Sé, é o ponto de partida para praticamente todos os outros prédios e pontos turísticos dali. Eu já havia lido sobre esse “triângulo” por isso fiquei atenta em minhas andanças por lá. Em outro post falarei mais sobre ele!

Viaduto de Santa Ifigênia. Vocês sabiam que todo ferro utilizado para sua construção foi trazido da Bélgica? Pois foi!! 🙂

Cheguei ao Museu às 10h, quando uma nova turma estava começando a visita guiada. O monitor que nos acompanhou foi o Bruno. Super simpático e, muito eloquente e didático em suas explicações. A turminha que ele estava guiando era composta de crianças que estudam no Liceu Pasteur, escola franco-brasileira de São Paulo. Junto estavam alguns pais. Eu poderia ter feito a visita sozinha, pois ela é auto explicativa, mas preferi me juntar ao grupo para ouvir algo mais “profissional”. Afinal, os guias têm muito mais informações e as visitas acabam se tornando mais divertidas! A minha foi ótima e acabei virando atração da criançada, que ficou curiosa pra saber quem era aquela adulta (às vezes eu até sou mesmo!!!) que os estava acompanhando!!!

A visita começa pela maquete das terras onde estava situado o Planalto de Piratininga, atualmente a cidade de São Paulo. Não é permitido fotografar, tanto que a bolsa fica guardada na entrada com tudo dentro! Por isso a foto da maquete foi retirada do site do Museu. A gente chora por não poder fazer umas fotinhos, mas entende perfeitamente as regras do espaço.

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Maquete que retrata como eram as terras onde hoje está a cidade de São Paulo. Crédito da Imagem: site do Museu Anchieta.

O monitor nos explica que todas essas terras eram habitadas pelos índios tupis da tribo do cacique Tibiriçá e que, por volta de 1520, João Ramalho, aventureiro português chegou por ali, junto com mais alguns homens, indo morar na taba desses índios. João logo se apaixona pela índia Bartira, filha de Tibiriçá, e assim inicia uma aliança entre indígenas e portugueses, para conquistar mais terras e para garantir a segurança do Planalto, já que havia a ameaça de outras tribos que também habitavam essas terras e que não eram muito amigos! Além disso ainda tinha a ameaça vinda dos espanhóis. Desde os primórdios viver no Brasil não era algo fácil!!!

Do alto do Planalto podia-se ver longe alguma movimentação estranha, em seu entorno haviam muitas terras e os rios Tamanduateí e Anhangabaú, forneciam abundância de peixes. Essa conjunção de fatores garantia segurança, água, alimentação e mobilidade para os moradores do vilarejo.

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Vale do Anhangabaú. Da próxima vez que andar por ali lembre-se que, debaixo de todo aquele concreto, corria um rio lindo e enorme que alimentou centenas de pessoas.

Dai em 1553 o Padre Manoel da Nóbrega, responsável pela Companhia de Jesus no Brasil, parte de Salvador, na Bahia, com o intuito de conhecer a Vila de São Vicente, onde está o litoral do Estado de São Paulo, com a missão de achar um local adequado para a instalação de mais um colégio jesuíta. Com terras abundantes e pessoas precisando ser catequizadas ele se lançou nessa busca, levando consigo mais 13 padres, entre eles José de Anchieta, que foram adentrando trilhas indígenas e chegando até o Planalto de Piratininga, onde já estavam João Ramalho e o Cacique Tibiriçá. Os jesuítas se unem aos moradores do vilarejo, tendo assim a garantia de sua segurança e começam a construção do novo colégio.

E em 25 de janeiro de 1554, como forma de oficializar a presença dos jesuítas naquelas terras, é celebrada a primeira missa em frente ao colégio recém construído, na época uma cabana de pau-a-pique. Essa celebração foi realizada no local onde hoje está o Museu Anchieta, o Pateo do Collegio. O nome dado ao colégio foi São Paulo, em homenagem ao santo católico, que é comemorado no dia 25 de janeiro.

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Tela exposta no museu, retratando como teria sido a celebração da Missa que deu origem ao Pateo do Colégio e, consequentemente, à cidade de São Paulo.

Isso contudo, acabou marcando a fundação da Cidade de São Paulo, que foi crescendo em torno daquela gleba de terra e se tornou a megalópole que conhecemos hoje. Em 2017 a cidade completou 463 anos.

Depois de instalados, os jesuítas, juntamente com os índios e demais moradores do vilarejo deram início a uma nova construção, buscando ampliar as dependências do Colégio. E em 1556 um prédio maior estava concluído, desta vez edificado em taipa de pilão, material típico da época, que consistia na mistura de terra úmida, areia, fibras vegetais, estrume e sangue de boi. Devia ser um negócio bem esquisito isso né?!

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Na área externa, ao lado do Café do Pateo, uma parte da parede da primeira edificação de 1556 está exposta. Mas muito bem acondicionada em uma caixa de vidro climatizada, de forma que fique preservada.  

A visita continua pela cripta, onde telas, lindamente pintadas, vão nos mostrando a evolução da história dos jesuítas, que é contada através de uma cronologia, exposta lá também. Vai desde a chegada da Ordem ao Brasil, passando por suas ações mundo afora, até os dias atuais, com o Papa Francisco, ele também jesuíta. Aliás, ele é o segundo jesuíta a tornar-se papa, vocês sabiam? Na cripta eram enterrados os padres e os moradores mais abastados do vilarejo. Hoje em dia não existem mais restos mortais de ninguém lá!

Da cripta passamos pelo Museu de Arte Sacra dos Jesuítas, que possui o maior acervo de imagens de roca do Brasil. Lá também está exposta a primeira pia batismal, que foi usada no período de 1554 até a primeira grande reforma dos prédios, em 1685.

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Do Museu de Arte Sacra eu só pude fotografar a escada que dá acesso a ele! Dai que fica aquela coisa meio enigmática…

Como não se pode fotografar nenhuma parte interna, quando saímos para o jardim foi um pipocar de celulares e câmeras que vou te contar!!! O espaço todo arborizado é lindinho e tem vários fragmentos e estátuas que servem como um complemento da visita. O guia conta que os prédio foram sendo reformados até não guardarem mais as formas originais. Principalmente durante o período em que os jesuítas foram expulsos de terras brasileiras, em 1759, quando os prédios foram utilizados como a residência do Governador da Capitania de São Paulo. Nessa época eles foram adquirindo formas neoclássicas.

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No jardim temos o busto do Pe. Manoel da Nóbrega, responsável pela Ordem Jesuíta no Brasil recém descoberto e a representação do Pe. Anchieta ensinando o evangelho a uma índia. O cacique Tibiriçá também é lembrado! O que não ficou nada bom foi aquele cone de sinalização na foto, mas se eu cortasse estragaria tudo! Afff…

A visita termina com todos indo até a Igreja de São José de Anchieta, que fica “grudadinha” no museu. A capela é simples, mas de um significado histórico sem igual e tem um órgão de mil tubos, um dos maiores do país. Conversando com o Bruno, nosso guia, ele me dizia que faz parte do Coral da Igreja e que, quando eles cantam acompanhados pelos acordes do órgão é lindo de ouvir. Eu imagino. Aprecio demais música sacra. Na Igreja uma salinha guarda a relíquia de São José de Anchieta, um fragmento de osso. Quando o guia falou sobre isso a criançada não sossegou até ver o “osso do Anchieta” !! Não é permitido fotografar, mas por uma questão de respeito eu também não o faria, se fosse possível.

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Da Igreja original nada sobrou. Ao longo dos séculos foi sofrendo reformas até ser totalmente descaracterizada. Uma das últimas reformas foi na torre, que passou a ter o estilo neoclássico, afim de acompanhar o modelo do restante da edificação.
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O órgão de mil tubos.

O entorno do Museu também é cheio de significado histórico, por isso é importante estar atento aos detalhes e ao casario. Ao lado do Pateo do Collegio estão dois prédios, chamados prédios gêmeos, por serem muito semelhantes. As duas edificações em estilo neoclássico, foram projetados por Ramos de Azevedo, entre os anos de 1891 e 1896. Este mesmo arquiteto fez o Theatro Municipal de São Paulo. Ali fica a Secretária de Justiça e Defesa da Cidadania.

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São vários exemplares arquitetônicos no centro da cidade, de todos os estilos. Eu adoro andar para poder observar tudo. Mas sempre atenta ao que está acontecendo em volta, claro!!

Para fechar minha visita, fiz um lanchinho no Café do Pateo, que é cheio de guloseimas gostosas. Enquanto saboreava meu suco com pastelão integral de forno, admirava o jardim e ouvia o cantar dos pássaros. Sim! Mesmo no centro, naquele burburinho, os pássaros cantam lindamente!

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E esse foi o nosso passeio de hoje!! Espero que tenham gostado. Peço desculpas pelas fotos em vários formatos. Esteticamente fica feinho, mas eu não tinha outra alternativa!!

Besos

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PATEO DO COLLEGIO|Praça Pátio do Colégio, 02 e 84 – Centro. Fone: +55 11 3105-6899. Funcionamento: terça a sexta, das 09h às 16h45. Sábados e domingos, das 09h às 16h30. Entrada: R$ 8,00 inteira. Estudantes pagam meia.


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Casa de Doda
Sou a Márcia, gaúcha lá de São Leopoldo. Sou jornalista, gremista, leonina, corredora amadora, viajante e Editora do Casa de Doda! Aqui eu conto sobre os lugares por onde andei e as belezas que vi. E sobre o que eu não gostei, também!! Vem passear comigo.

26 COMENTÁRIOS

  1. ola, tudo bem? amo turismo , amo e quero conhecer centimetro por centimetro do meu Brasil. aind não conheço São paulo , adorei a dica , concerteza quando estiver ai vou vsitar o triangulo historico. bjss

  2. Adoro passeios em museus e prefiro visitas guiadas também… Como assim que não deixam fotografar?!?! Mas seria pior aquele monte de celular tirando fotos proximo aos quadros… A criançada deve ter sido uma sensação a parte né? Elas amam adultos né? Eu sempre dou corda para esses sereshumaninhos e eles adoram!

  3. São Paulo a metrópole brasileira é um lugar incrível ainda não tive oportunidade de conhecê-la,fui quando pequena mas não pude aproveitar e conhecer a cidade. Ir em museu e conhecer a história de um determinado local ou pessoa é um passeio que todo mundo deveria fazer…sucesso bjs

  4. Oie, tudo bem? Primeiro gostaria de dizer que fiquei encantada com a quantidade de informações sobre esse lugar, com certeza vou precisar anotas tudo para não esquecer. Como você percebeu sou uma apaixonada por viagens, conhecer lugares, fotografar, aprender mais sobre a cultura, experimentar comidas diferentes, são coisas que nos enriquecem e nos faz pessoas melhores. Acredito que sempre que viajamos acontece algo dentro de nós, expandimos nossa mente, aprendemos a compreender mais o mundo, as pessoas, e claro nós mesmos. Ainda não conheço São Paulo, mas está na minha listinha. Quero conhecer o Teatro Municipal e o Parque Ibirapuera (acho lindo pelas fotos). Obrigada pelas dicas. Beijos, Érika =^.^=

    • Oi Érica! Concordo contigo. Viajar expande nossos horizontes, abre nossa mente, nos faz sim, pessoas melhores! Eu adoro São Paulo. Ela é multicultural, agrega e recebe a todos, sem frescuras!!! Ahhh fica ligada então, que tenho posts pra publicar, sobre outros pontos turísticos de lá. Do Teatro também! Beijos e obrigada por visitar o Casa ! 😉

  5. Olá, tudo bem?

    Mulher, que post mais significativo é esse?! Fiquei simplesmente babando. Aqui vocês nos deu a aula que aprendeu e passou muitas coisas, fiquei encantada com cada linha que li e fiz uma viagem histórica mesmo sem nuca ter ido ao museu. Creio que a experiência com o Bruno tenha enriquecido ainda mais o seu conhecimento, um guia sempre será útil. Fiquei com vontade de ir correndo para São Paulo e conhecer esse lugar que parece ter tanto a ensinar. Ainda fiquei com gostinho de escutar o coral, pois aprecio muito o estilo de música. Quanto as fotos, não se preocupe ficou tudo muito bem composto no post!

    Beijos!

    • Oi Alice! Eiii que mensagem legal a tua! Muito obrigada. Isso só me dá mais incentivo para escrever mais e melhor, para os meus leitores! Ahh e fica de olho, em breve sairão mais posts sobre SP! Tem o Teatro, o Mercado, Mosteiro de São Bento. Tem muita coisa linda! Beijos

  6. Acho que se tivesse que escolher um local para morar, ele seria SP. Cidade maravilhosa, com grande acervo cultural historico, vida social, gastronomia.. Muito bom o post. Espero em breve ter oportunidade de conhecer. Bjs

    • Oi Tamara! SP é a cidade que nunca dorme e sendo assim, a gente tem que ter fôlego para dar conta de tanta coisa pra ver por lá! Eu, toda vez que vou à SP faço um roteiro do que quero ver, pra dar tempo de ir em tudo!!! Assim que puder, vá mesmo. Tenho certeza que tu vais adorar. Um beijo

    • Oi Luna! Que bom ouvir isso! Adoro quando as pessoas gostam sobre os destinos que escrevo. Procura por São Paulo, capital – post índice aqui no blog. Lá eu concentro todos os posts sobre a cidade. Tu vais ver que tem muita coisa legal! E eu ainda estou escrevendo sobre outros lugares. Aguarde! Beijos

    • E tem muitos outros!! Já viu o post índice de SP, com todos os posts que já publiquei sobre a cidade? Tem dicas de um passeios bem maneiros. Até a semana que vem devo publicar mais outros! Obrigada pelo comentário e pelo “seguimento” eheheh beijos

  7. Olá Márcia;
    Adorei o seu Blog, fomos hoje pela manhã, no Pateo do Collegio. Adoramos o passeio. O Museu sensacional. O que mais nos chamou atenção foi o cuidado que os Jesuitas têm com o local. Um verdadeiro primor de atenção dos funcionários, de higiene, de orientação. Realmente ótimo. Super recomendo este passeio, para quem gosta de história e também para os interessados na origem da nossa cidade. Tomamos um gostoso café e fomos bem atendidos.

    • Oi Neusa, tudo bom? Que legal saber que vocês gostaram desse passeio. Eu fiquei encantada! Realmente eles têm um cuidado com a preservação da história e da memória Jesuíta. E os outros pontos do Centro Histórico, já conhecem? Eu recomendo um tour por ali, vocês com certeza irão curtir! Obrigada pelo comentário e por visitar o blog. Volte sempre, beijos

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