Museu Ferroviário de Tubarão, embarque nessa história

O Museu Ferroviário de Tubarão guarda um rico acervo sobre a história da Estrada de Ferro Donna Tereza Cristina (EFDTC), que foi inaugurada em setembro de 1884, possibilitando o transporte do carvão da região até o porto de Laguna.

Em mais uma das minhas andanças aqui por Santa Catarina fui até a região sul do estado, na cidade de Tubarão, para conhecer o Museu Ferroviário de Tubarão. Criado em 1997, o Museu tem o objetivo de preservar a memória da Estrada de Ferro Donna Tereza Cristina, que foi importante para o transporte do carvão mineral até Laguna.

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História da Estrada de Ferro Donna Tereza Cristina

Conta a história que em meados de 1830 um grupo de tropeiros estavam acampados em Passa Dois, nas proximidades de Lauro Müller, queimando lenha para fazer comida quando observaram espantados que as pedras também queimavam. Das pedras ainda saia um cheiro forte de enxofre o que caracterizava, na época, a presença do diabo… (livre adaptação do trecho do livro – Histórias de Tubarão, das origens ao século XX).

As pedras foram enviadas para o Rio de Janeiro para serem analisadas e logo se descobriu que aquilo era carvão. Em seguida o Império mandou vários exploradores para atestarem a sua qualidade. A partir dai ora o carvão de Tubarão era de boa qualidade, ora não!

Por esse motivo muitas empresas acabaram por desistir da exploração do mineral. Uma pela indefinição de sua qualidade, outra em função da falta de transporte. Nem mesmo o Estado se aventurou em tal empreitada. Até que em 1861 o Segundo Visconde de Barbacena, Felisberto de Caldeiras Brand e Pont requereu do Governo o direito de exploração.

Conseguindo do Império em 1874, a autorização para construir uma ferrovia que fizesse o transporte do carvão até os portos de Imbituba e de Laguna, nascia assim a The Donna Thereza Christina Railway Company Limited, empresa de capital inglês que construiria a ferrovia.

Assim em 1884, após muitas benesses da Coroa Brasileira, o Segundo Visconde de Barbacena inaugurava a Estrada de Ferro Donna Tereza Cristina (EFDTC), um dos pontos determinantes para o desenvolvimento da cidade de Tubarão e uma homenagem a Imperatriz Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II. Em 1902, após muitos altos e baixos a ferrovia foi encampada pelo Governo, que assumiu sua administração.

Museu Ferroviário de Tubarão

Por iniciativa do médico José Warmuth Teixeira, de trabalhadores da antiga Rede Ferroviária Federal e da Ferrovia Tereza Cristina, através da Sociedade dos Amigos da Locomotiva a Vapor, foi criado em 1997 o Museu Ferroviário de Tubarão.

Seu acervo, composto de máquinas a vapor e vagões, além de documentos, fotografias, livros, plantas, projetos e outros objetos utilizados pelo transporte ferroviário, recria a história centenária dos trens na região sul de Santa Catarina.

Uma curiosidade do Museu é a Estação de Trem do Séc. XIX que fica ao lado da oficina e que foi construída recriando com fidelidade a arquitetura da época e usando elementos como mobiliário e outros equipamentos, todos do início da ferrovia, que era de 1884 e foi operada por pelos ingleses até 1902.

Documentos e Objetos

Objetos antigos, que fizeram parte da história da Ferrovia Donna Thereza Christina como placas de identificação das locomotivas, sinos utilizados pelos chefes de estação e placas de sinalização dos ramais da ferrovia, estão expostos para apreciação dos visitantes.

Coleções de máquinas de escrever, relógios, telefones e máquinas fotográficas também fazem parte do acervo.

As Locomotivas

O Museu Ferroviário de Tubarão possui 28 máquinas a vapor, em sua maioria que rodaram pela Ferrovia Tereza Cristina. Destas, 14 foram restauradas e mais algumas aguardam para passar por uma reforma total! Locomotivas de outras cidades também são trazidas para a oficina de restauração.

No dia em que estive lá conversei com um ex-funcionário da Ferrovia e que hoje trabalha na oficina, ele me dizia que é comum equipes estrangeiras alugarem as locomotivas para fazer documentários.

A Locomotiva 53 foi fabricada nos Estados Unidos em 1920, pela The Baldwin Locomotive Works. Uma das maiores empresas do ramo.

Fabricada na Tchecoeslovaquia pela Skoda em 1949, a Locomotiva 208 “trabalhava” na Argentina e depois veio para o Brasil. Foi restaurada em 2003.

Outras empresas responsáveis pela fabricação das locomotivas, muitas delas Europeias.

Passeio Trem da História

Além do Museu e toda sua riqueza de informação, a Sociedade dos Amigos da Locomotiva a Vapor também realiza o passeio “Trem da História”. Os passeios acontecem em datas previamente agendadas saindo de Tubarão com destino a Imbituba, Laguna, Jaguaruna, ou Urussanga. Fiquem de olho! 😉

Endereço: Av. Pedro Zapelini, 2200 – Bairro Oficinas, Tubarão – SC, 88702-300. Funcionamento: de segunda à sexta, das 08h30 às 11h45 e das 13h30 às 17h30. Valores: Adultos R$5,00| Crianças, idosos e estudantes R$ 3,00| **Às quintas-feiras a entrada é gratuita. Mais informações sobre o Museu ou passeios, acessem Facebook ou telefone 48 3632-3450.

Eu amo trens e sinto muito por não termos uma malha ferroviária que atenda de forma a podermos viajar entre as cidades e estados. Mas eu não perco a esperança que isso ainda aconteça um dia!

E vocês? Gostam desse tipo de história, já tiveram a oportunidade de andar de trem? Deixem nos comentários. Vamos bater papo! 😉

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